Marte
Marte é o quarto planeta do sistema solar e o último dos planetas rochosos. Com cerca de metade do diâmetro do nosso planeta, é o planeta mais visitado por sondas espaciais. O grande interesse da comunidade científica em Marte resulta da possibilidade deste planeta poder ter tido no passado condições para manter água no estado líquido e quem sabe, até a vida.
Marte é de composição rochosa e possui uma atmosfera rica em dióxido de carbono. A sua superfície possui algumas crateras que os processos geológicos ainda não apagaram, o maior desfiladeiro do sistema solar, o Valles Marineris, cuja extensão seria suficiente para atravessar os Estados Unidos da América e, o maior vulcão do sistema solar, o Monte Olimpo, que tem uma base com 500km de extensão e 27 km de altura, o que equivale a três vezes o Monte Evereste.
Marte | Comparação com a Terra | |
Massa [1024kg] | 0.64169 | 0.107 Terras |
Volume [1010km3] | 16.312 | 0.151 Terras |
Raio [km] | 3396.2 | 0.532 Terras |
Densidade média [kg/m3] | 3934 | 0.714 Terras |
Aceleração gravítica [m/s2] | 3.73 | 9.82 |
Temperatura média [ºC] | -65º | 15º |
Número de satélites naturais | 2 | 1 |
Todos os anos, dado o movimento dos planetas em torno do Sol, há um dia em que Marte, Terra e Sol estão alinhados, a este dia chamamos a Oposição de Marte e marca o dia em que Terra ultrapassa Marte no plano orbital e por causa disto, é o dia do ano em que os planetas estão mais próximos, a distância que os separa é pouco mais de 96 milhões de quilómetros. A Oposição de Marte será a 16 de janeiro de 2025, os planetas só voltam a encontrar-se a 19 de fevereiro de 2027.
Descoberta e observações de Marte
Marte distingue-se muito bem no céu, não porque tem um brilho vermelho ou porque de vez em quando é bastante brilhante mas porque de noite para noite o planeta move-se pouco menos de 1º, parece pouco mas ao longo de 30 dias marte quase percorre uma constelação inteira.
Marte também apresenta um característico que se observa ao longo de dois anos de observação continua. Os antigos começaram por observar um objeto rosa pálido que apenas era visível de manhã cedo, pouco antes do amanhecer. Este objeto movia-se em relação às estrelas, tornando-se mais brilhante no ano seguinte e nascia cada vez mais cedo. Depois parava abruptamente e invertia a direção do seu movimento. Quando estava mais brilhante tinha uma cor vermelha intensa, era vísivel durante toda a noite e era o terceiro objeto mais brilhante no céu noturno. Depois de se mover no sentido “errado” durante cerca de 70 dias, parava e invertia novamente a direção. Gradualmente tornava-se mais escuro, era apenas visível no céu noturno e punha-se cada vez mais cedo. Passado mais um ano, voltava a ser um objeto rosa pálido, desta vez visível apenas logo após o pôr do sol. Pouco depois disto, já não era vísivel no céu. Permanecia escondido durante cerca de cem dias até ao ciclo se repetir novamente. Cada ciclo durava pouco mais de dois anos.
Os registos mais antigos de Marte proveêm dos Egípcios entre 1570 BC a 1293 BC onde o astro é referido como “Hórus do Horizonte”. Os gregos baptizaram o astro como Ares, o seu deus da guerra. Em 356 ou 357 BC, Aristoteles observou Marte a passar por de trás da Lua, algo que o levou a concluir que Marte estava mais longe que a Lua. Os Romanos alteraram o nome do astro para Marte, em homenagem ao seu deus da guerra.
Galileo Galilei
Em 1609 Galileo Galilei foi o primeiro a observar Marte por um telescópio. Apesar de não conseguir destinguir detalhe na superfície do planeta, Galileo notou que Marte não era perfeitamente redondo. Numa carta a um colega Galileo descreveu a sua observação do planeta.
“(…) I dare not affirm that I am able to observe the phases of Mars; nonetheless, if I am not mistaken, I believe I have seen that it is not perfectly round. (…)
A conclusão de Galileo deve-se ao facto da observação ter sido feita com Marte em fase. Tal como a Lua tem fases (quarto crescente, quarto minguante, …) os restantes planetas do sistema solar também apresentam o mesmo comportamento. No caso da Lua, nem sempre a superfície que está iluminada pelo Sol corresponde ao lado que é observado através da Terra. Marte está “cheio” em duas ocasiões: A primeira é quando está do lado oposto do Sol (Terra – Sol – Marte) contudo, nesta situação Marte está no céu ao mesmo tempo que o Sol o que impossibilita a sua observação. A segunda é quando está do lado oposto da Terra (Marte – Terra – Sol), que acaba por corresponder ao dia da Oposição de Marte. Logo, Marte vai enchendo à medida que se aproxima da oposição e vai minguando à medida que se afasta da oposição.
Christiaan Huygens
Christiaan Huygens, com recurso a um telescópio com uma óptica mais refinada foi capaz de observar alguns detalhes da superfície do planeta em 1659, cujos desenhos ainda hoje sobrevivem.
Huygens baptizou as regiões mais claras de “desertos” e as regiões mais escuras de “mares”. Esta designação ainda hoje é usada.
As duas luas de Marte
Ambas as luas de Marte foram descobertas por Asaph Hall em Agosto de 1877. A primeira a ser descoberta foi Deimos com Phobos descoberta seis depois.
Phobos
Phobos é a maior lua de Marte com um diâmetro de pouco mais de 22km que orbita o planeta 3 vezes por dia. Ao contrário da nossa Lua, Phobos não é esférica, quase parece uma batata.
Apesar de orbitar Marte neste momento, Phobos possui aproxima-se de Marte cerca de 1.8 metros a cada 100 anos que pode levar a uma colisão com o planeta, ou a fragmentar-se num sistema de anéis em torno do planeta.
Deimos
Deimos é a lua mais pequena com aproximadamente 12 km de diâmetro que orbita o planeta a cada 30 horas. Tal como Phobos, Deimos também não é esféria partilhando também a aparência de uma batata.
A Oposição Perihélica
A Oposição Perihélica corresponde ao dia em que a oposição ocorre perto do perihélio, ponto da órbita em que o planeta está mais próximo do Sol. Com Marte isto acontece a cada 15 a 17 anos. A próxima Oposição Perihélica será em setembro de 2035, não falta muito.
Marte no Observatório do Lago Alqueva
O que posso ver no Observatório do Lago Alqueva?
Marte é um objeto fascinante de observar pelo telescópio, porém a proximidade do planeta à Terra cria expectativas que são difíceis de gerir, isto porque, apesar de se situar próximo da Terra, Marte tem pouco mais de metade do tamanho da Terra.
- É possível destinguir as regiões das calotes polares.
- É possível destinguir os desertos dos mares.
- As luas Phobos e Deimos são visíveis quando Marte está em ou perto de oposição..
A estabilidade atmosférica em conjunto com a altura do planeta no céu são os dois factores cruciais para obter uma imagem nítida de Marte pelo telescópio.
Quando é a melhor altura para ver Marte?
Marte começa a aparecer em inícios de dezembro de 2024 e permanecerá visível nas sessões de
Observação Astronómica até finais de julho de 2025.
Para se obter uma boa imagem ao telescópio é crucial observar o planeta quando ele esta bem alto no céu. Quanto mais alto melhor. Quanto mais frio melhor!
A melhor altura para observar Marte no Observatório do Lago Alqueva nas sessões de Observação Astronómica é ao longo dos meses de janeiro e fevereiro com especial ênfase no mês de janeiro. A Oposição de Marte será no dia 16 de Janeiro, dia em que Marte e Terra estão a pouco mais de 96 milhões
km. Tendo em consideração o tamanho do planeta, para conseguir uma boa imagem de Marte, toda a
ajuda é importante, tornando o mês de janeiro particularmente bom para observar o planeta e todos os
detalhes da superfície.
Depois de janeiro e ao longo do resto de 2025, à medida que a Terra continua a sua viagem habitual em torno do Sol, Marte fica para trás, o seu brilho no céu e tamanho ao telescópio diminuem. Ao contrário
dos planetas gigantes que estão sempre bem vísiveis pelo telescópio, Marte tem um período específico que garante a melhor experiência. Janeiro 2025!!!
Marte só volta a reaparecer na Observação Astronómica em janeiro de 2027.